Parte I: a caminho do assentamento Luiz Beltrame - 28/04/2018

Como normalizamos o uso de veneno no nosso próprio alimento ? Como alguém pode vender comida envenenada? Como chegamos ao ponto de acabar com florestas e mais florestas para plantar só um tipo de planta ? Como uma pessoa pode deter tanta terra ? Destruir a nossa Terra é permitido ? Como os interesses de uma empresa podem ser mais importantes do que a saúde das pessoas ? Podemos produzir comida saudável ? 

Olho pela janela do carro me deparo com um céu multicolor e centenas de quilômetros de pasto, cana, soja e milho. Meus olhos já não mais se acostumam com esse horizonte, vejo um grande deserto verde.  A monocultura prevalece no horizonte, enriquece poucos e acaba com a diversidade. 

A diversidade que é fundamental para aumentar a resiliência de qualquer sistema comunitário. A riqueza da pluralidade torna o sistema mais complexo, com isso cria-se formas diversas de se rearranjar e descobrir saídas para os problemas que o  sistema se deparará - a própria diversidade encontra seu caminho. Já no monocultivo elimina-se tudo em detrimento do único, para isso é necessário todo o pacote de veneno e adubos para eliminar o indesejável, seu fim é seu próprio fim. 

Saímos de Martinópolis e nos encaminhamos ao nosso último destino, assentamento Luiz Beltrame no município de Gália. O nome do assentamento é uma homenagem ao revolucionário e militante do MST com mais de 100 anos. Luiz Beltrame, ficou conhecido pelas suas caminhadas com o movimento e a poesia de suas palavras. 

Depois de muitos quilômetros de estrada de terra, puxando nossa carretinha e cansados, chegamos a casa da Selma e do Diogo, que nos receberam carinhosamente e nos levaram à casa do Seu João. 

Era festa! Fogueira e som na noite estrelada. Entramos na casa e fomos recebidos com um belo arroz-feijão-mandioca orgânicos. Ponto importantíssimo desse projeto, a comida sempre boa e saudável. Com o estômago cheio, conversamos com o pessoal que esperava um pouco mais de animação dos palhaços cansados. Depois de tanto tempo na estrada a galera precisava de uma cama, decidimos dormir juntos, numa casa da sede antiga da fazenda, a casa dos pilotos de avião, onde o Rafa nos acolheu. A casa não tinha luz, com velas e lanternas preparamos as camas e dormimos. 

Arthur Toyoshima - palhaço João Pierre

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