Martinópolis, dia 27 de Abril.

Não se pode negar o fluxo, os dias passam e junto com eles carregamos o cansaço, a convivência intensa, muitas horas de trabalho além de toda a carga emocional de tudo que estamos vendo e vivendo.

Cromossomos então decide ir para cachoeira, um banho para recarregar as energias porque logo mais tem apresentação.

A cachoeira me lava a alma e me dá a  coragem que eu preciso para a próxima  apresentação que é na cidade de Martinópolis.

Cidade esta que tem um grande outdoor de apoio ao Bolsonaro em uma praça central.

Em meio às nossas plaquinhas, que são quebradas pelos karatecas, surge a última com o nome de Bolsonaro.
O público, em um misto de silêncio e de gritos exaltados de “Quebra! Quebra! Quebra!".

E assim se presencia  Bolsonaro sendo quebrado, mesmo que simbolicamente.

O espetáculo chega ao fim, surge uma sensação de alegria e alívio, uma sensação de o que está acontecendo no mundo?

Porém a vida não para e de repente sou presenteada com o mais belo dos encontros.

Sim, minha amiga Dona Creuza.

Com seus 91 anos e a disposição de uma criança para rir e se divertir do espetáculo.
Sou recebida com aquele abraço caloroso ela comenta que ficou com uma saudade imensa de mim.
Me sinto como um  vulcão de emoções.

Vamos tomar um sorvete e conforme conversamos percebo que não sei quando verei  Dona Creuza novamente, isso me dá mais certeza do quanto é importante viver a vida, relaxo e aproveito para bordar meus assuntos com a pessoa mais especial que conheci durante a caravana.

Tiramos um retrato nosso, sorrimos e o nosso olhar se eterniza.

Agradeço os encontros, o quanto eles me tocam e me transformam.

Todo esse dia me gera muitas questões e reflexões e em nosso compartilhar me expresso juntos aos meus companheirxs.

Estou realmente muito contente de estar na caravana, de ver quem eu sou, onde eu nasci, quais são minhas origens, meus ideais.
Orgulhosa de ter uma família que sempre me mostrou as contradições e injustiças do mundo, mas que me forneceu ferramentas e afeto para pensar, para lutar e para amar as pessoas com suas mais profundas contradições.

O mundo paradoxal e eu dentro dele.

Aline Moreno, palhaça Donatella.

Comentários

Postagens mais visitadas